Como um Cavaleiro Andante habitas a prateleira dos livros especiais, moras naquele caderno estimado, de capa aveludada, com o teu cavalo alado, com a tua lança aguçada, com a tua espada, a tua armadura.
Adoro sentar-me no chão, abrir-te de página em página e ouvir-te contar histórias sem nunca me cansar do teu «Era Uma Vez...».
Contas tudo com um sorriso de menino, convences-me que todas as batalhas estão ganhas, que todas as vitórias são tuas ...
Sinto a minha alma desprender-se na tua direcção, vejo-a a vaguear pela linha do horizonte ansiando a tua chegada, com o cabelo ao vento e o véu do vestido a esvoaçar. Mas tu não chegas… a lua dá lugar ao sol, o dia dá lugar a outro dia, a noite a outra noite, e eu espero… espero… espero... É então que oiço a tua voz dentro do livro a chamar por mim. Corro para te agarrar, para te tocar, para te dar um beijo, para te sentir, mas… és feito de papel, és uma personagem imaginária, o príncipe idealizado, o homem inexistente que apenas sonhei… Porque proteges os desafortunados e te esqueces de mim? Porque salvas o mundo e me deixas perder? Porque procuras recompensas se tens todo o meu amor? Nesses instantes a casa, que outrora foi um lar, transforma-se numa torre onde me sinto uma princesa agrilhoada, esta torre é tão real, tão fria, tão triste, tão intransponível. E a solidão mancha as páginas do livro, cobre tudo de negro, escurece as páginas que outrora foram pinceladas de cor-de-rosa. As lágrimas escorrem e esborratam as letras douradas da história que foi nossa.
A tua imagem dilui-se, a tua voz dissipa-se, o meu amor esvai-se...
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