De repente nada à minha volta tem solidez, nada mais tem consistência, eu já não posso falar de coisa alguma como sendo real. Experiência sensorial muito diferente de tudo o que já vivi. Não é a calma ou o alvoroço, não é a fragmentação ou a unidade, não é a serenidade ou a angústia, não são trevas nem luzes, não é o vazio ou o cheio. De repente é o oceano, um oceano fractal, as ondas são formas geométricas, ângulos enormes que se erguem sobre mim e que reflectem e multiplicam as imagens como espelhos. Eu vejo-me por toda parte, aos pedaços, deformada, a pensar, a gritar, a rir, a chorar, fustigada pela ideia insana de que eu já não sei quem sou. E então descubro que o vazio também não existe. E que no lugar dele existo eu. E então vejo que o oceano também não existe. E que no lugar dele existem os outros ..., outras …coisas…inenarráveis… É a viagem mais perigosa e mais dolorosa que já empreendi pelos caminhos da minha imaginação. Nunca senti tanto medo, tanta angústia e tanta confusão em toda a minha vida. E de repente passa (será ?!), como uma onda, uma onda das grandes, agora só ouço o ruído distante dela quebrando-se na beira da praia. Estou ainda em alto-mar? Sim, é aqui que eu vivo e é para o infinito (seja ele o que for) que me dirijo.
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