"Preciso de me libertar de tudo o que foi meu e já não é. Tudo e todos que ocupam um lugar que já não lhes pertence. Foram ficando e eu fui deixando para evitar o vazio ... tinha medo do eco da minha voz no escuro.
Tínhamos longas conversas pela noite dentro. Eu dizia aquilo que queria ter dito e não disse e respondiam-me o que eu queria ter ouvido e não ouvi. Repetimos infinitamente diálogos hipotéticos, construímos realidades que não esta e assim foram ficando…. retive-os enquanto pude…enquanto quis!
Mas agora basta! Preciso que se vão embora. Não posso mais carregar o fardo da imaginação, dói-me o corpo do esforço e agonia-me o ar bafiento.Que se abram as janelas, que corra o ar e entre a luz, que se sacuda o pó, se batam os tapetes e se enxotem as moscas. Que se lave a cara, se pintem as paredes e se pendurem retratos novos…Está na hora de se irem embora todos os que aqui moraram tempo demais… que não levem nada porque já nada lhes pertence e que não batam a porta ao sair! "
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